quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Canto para Antonio

Relendo o livro de Ângela Vilma, "Poemas para Antonio", não consegui resistir e escrevi o meu poema para Antonio:


Canto para Antonio,

                        Para Ângela Vilma

Eu te amo, Antonio, e a sombra de seu nome faz rebentar as sutilezas.
Nada silencia na primavera bravia que se desperta nos meus dentes,

E pássaros voam famintos em busca de alguma luz.
 

Eu te amo, Antonio, e os vincos de seu rosto lambem minhas madrugadas.
A lua se deita nos mares, a água se tinge de negro

e tudo resvala no cobalto das maresias.


Eu te amo Antonio, e me mergulho nos poros vermelhos de tua língua,
Me embrenho nas matas de seus cabelos crespos,

Caçando as esperas caracoladas de sua demora.


Eu te amo, Antonio,
e nada apazigua esta sede que é a tua véspera.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Do desejo

Porque há desejo em mim
tudo é cintilância
        Hilda Hilst

Alguns poemas não podem ser escritos.
Posto que os escrevo com a tinta da vida,
com o sangue dos dias,
e não posso sangrar certos mares.

Resta-me dizer da violência do sol
lambendo as bordas das nuvens.
Falar de minha alma sedenta de luz
e rasgar a pele das páginas,
maculando o branco resoluto.

Tudo é desejo e cintilância.
E a vida corre macia
como tua língua,
nas minhas coxas.